Caminhei descalço naquele jardim, abandonado, senti cada folha, cada pedra, cada galho na planta dos meus pés... toquei em cada flor, cada árvore, senti cada aroma, a brisa que batia quente na minha face, os meus cabelos a esvoaçarem pela minha testa..
Vi dezenas de pavões ali, perto de mim, sacudiam saudosamente as suas belas caudas, como se de um "Olá" se tratasse.. nunca me senti tão seguro, como ali, sentia que nada de mal era capaz de me descobrir naquele local, que apenas ali estava eu e toda a minha inocência, toda a minha felicidade... estava preenchido como nunca antes me sentira..
Continuei a caminhar, o meu trajecto, até chegar ao centro daquele jardim tão selvagem, mas tão belo e acolhedor... havia uma fonte, gasta pelo tempo, comida pela sujidade.. mas ainda brotava água cristalina, que reflectia a luz do sol do entardecer, o seu som, a melodia da água embalava-me numa música que me recordava de tudo de bom que aquele jardim me dava, sentia-me quente, quente cá dentro, no coração, confortável e cheio de vontade de permanecer para sempre ali...
Mas apareceste ali, no cimo da fonte, olhando para mim... estendeste-me a mão, e disseste-me que o tempo de ali estar já tinha acabado... eu não protestei, apenas chorei, pedi silenciosamente que me deixasses ali ficar mais um minuto, mas mesmo com a tua face dourada, as tuas asas brilhantes e longas, fingiste não me ouvir, agarraste a minha mão e trouxeste-me de volta...
...acordei suado e ainda os olhos molhados, desejando que aquele sonho fosse real, que aquele anjo nunca me tivesse trazido de volta á realidade, pois a maior dor foi sentir a saudade daquele local que um dia me fez sentir completamente feliz, realizado...
Sem comentários:
Enviar um comentário